domingo, 3 de março de 2013

Por que Zico é meu ídolo

Franca - SP, 1982.

As memórias são poucas mas as que tenho são intensas e ainda vivem dentro mim.

Eu tinha 6 anos. Filho de pai mineiro e mãe sulmatogrossense, nascido e morando em Franca, cidade vizinha a pitoresca Claraval-MG. O pai, que pouco se interessava por futebol se dizia são paulino, mas era galo em Minas, e eu sempre lhe ouvia dizer a expressão "Internacional de Porto Alegre", não entendia muito na época.


Vivíamos o esplendor da Copa da Espanha. O Brasil encantava um mundo que voltava acreditar em futebol arte, que fazia o ego do brasileiro acreditar que eramos bons realmente em alguma coisa. Zico era a estrela maior desse time, tornava-me ali um "ziquista".....mas antes disso....

Franca, 25 de Abril de 1982.

O Flamengo vence o Gremio por 1 X 0 em pleno estádio Olímpico e é BI-CAMPEÃO BRASILEIRO. Zico comando um Flamengo que jogava por música. Era temido pelos adversários e amado, idolatrado por um torcida apaixonada.Confesso que a cores vermelho e preta me fascinavam.

Franca, 29 de Maio de 1983.

A cidade respira a decisão do brasileiro daquele ano. Eu já com 7 anos e apaixonado, vidrado por futebol.

Foi morar em nossa casa, para estudar e trabalhar, um tio do Mato Grosso do Sul, o tio Humberto. Um flamenguista fanático, que ouvia jogo pelo rádio quando não passava pela TV. Começa ali o meu amor, agora também pelo Flamengo.

Ser Flamengo em uma cidade de São Paulo naquela época era no mínimo diferente. Torcer para um time do RJ morando em SP era ser diferente de tudo e de todos.

O Flamengo faz 3 X 0 no Santos e conquista o TRI-BRASILEIRO. Ainda mantenho vivas as lembranças de eu e meu tio em plena Avenida Presidente Vargas comemorando o título.Zico, pra variar, matou a pau.

Dourados-MS, 1986.

A Copa do México foi a última para uma geração que encantou o mundo, mas traída pela mão implacável do destino, não conseguiu ser campeã do mundo.

Minha idolatria por Zico já era sólida como rocha. O jogo da volta, onde a torcida do Fluminense o chamava de bichado, é uma das maiores lembranças que tenho de Zico. Foram 3 gols, um sensacional de falta, sua marca maior, e o mengo vence por 4 X 1.

O Brasil enfrenta a França de Platini.... e quis o destino que Zico perdesse o penalt que poderia ter dado a vitória ao Brasil. As críticas foram muitas, mas eu pergunto, quem deveria ter batido o penalt então? E se perdesse também, não estaríamos aqui discutindo que era o Zico que deveria ter batido? As críticas só fizeram aumentar meu amor.

COPA UNIÃO DE 1987.

Um Flamengo desacreditado, com um misto de jogadores já considerados velhos e uma molecada da base, somado a Renato Gaúcho e Bebeto.

Me lembro de um gol do Zico, que talvez seja o mais bonito de falta em sua carreira, contra o Santa Cruz, o terceiro na vitóra por 3 X 1. Me lembro do goleiro Birigui estático, assustado, não acreditando na trajetória que a bola fizera. Dali pra frente o Flamengo bateu o Atlético-MG e o Internacional na final. Era o último título do maior ídolo do clube que ele amava e o fizera grande.

2 de Dezembro de 1989.

Jogando em Juiz de Fora-MG, Zico faz seu último jogo como profissional pelo Flamengo. As dores no joelho, jogando em futebol de alto nível, já lhe eram insuportaveis.

Um FLA X FLU, última rodada do brasileiro... o mengo atropela o tricolor por 5 X 0, Zico faz um de falta, ao melhor do seu estilo. ...eu nunca mais vi Zico jogar como profissional....

O sentimento de perda ainda hoje é grande, e já se vão 26 anos....Um homem exemplo dentro e fora de campo. E pra mim, seu nome ainda ecoa nas vozes dos locutores:"Zico!, Zico!, sempre Zico....."




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2 comentários:

  1. Zico marcou uma geração e por causa dele muita gente se tornou flamenguista, eu mesmo me incluo por parte de pai. Parabéns Galinho pelos seus 60 anos.

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  2. Cleber, acho que todo e qualquer flamenguista nascido até o início da década de 80 compartilha contigo esses mesmos sentimentos em relação ao Galinho.

    Dos jogos e fatos citados em seu texto, acompanhei cada um com o mesmo ardor e as mesmas agonias (no caso da Copa86)que todo flamenguista. Um, porém, teve sobre minha mente juvenil um poder especial, o qual teria sido justamente o último do Galo, antes de aventurar-se pela fria Udine. Coloco-o aqui, à sua disposição, um texto que escrevi há alguns anos, e que talvez lhe pareça familiar...

    http://oantropolicomaltrapilho.blogspot.com.br/2009/06/um-xara-chamado-ubaldo.html

    Grande abraço,

    João Sassi

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Todos os comentários são aprovados automáticamante, afinal a idéia é fomentar a discussão. Mas passou dos limites da boa educação com certeza tera resposta no mesmo nível ou vai ser deletada.